ARTIGO "OFICINA" É PUBLICADO NO LIVRO ENSINO MÉDIO INOVADOR E NOTURNO
EDITADO PELA SEDUC. O TEXTO FOI ESCRITO PELO PROF. ERNESTO DE SOUSA FERRAZ
OFICINAS:
Diferente visão de aprendizagem
Prof.
Ernesto de Sousa Ferraz Neto
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Iniciar um projeto
diferente é sempre um grande desafio. Há uma rejeição
aparentemente natural quando se depara com o novo, mas o frio
na barriga é normal, e pode ser um indicativo de que se está no
caminho certo.
O usual quadro
negro, o giz colorido e a sapiência dos professores apenas já não
são suficientes para prender a atenção dos alunos em sala de aula.
A fim de despertarem a criatividade e desenvolverem novas ideias para
trabalhar com os estudantes, professores necessitam de atividades
extras que possam motivar a aprendizagem.
Todo ser humano pode
beneficiar-se de brincadeiras e jogos, tanto pelo aspecto lúdico: de
diversão e prazer, quanto pelo aspecto da aprendizagem.
Brincando, se
desenvolve várias capacidades e que reflete sobre a realidade, a
cultura na qual está inserido o cidadão, incorporando e, ao mesmo
tempo, questionando as regras e papeis sociais. Pode-se dizer que nas
brincadeiras ultrapassa-se a realidade, transformando-a através da
imaginação.
A incorporação de
brincadeiras na prática pedagógica desenvolve diferentes atividades
que contribuem para inúmeras aprendizagens e para aplicação da
rede de significados construtivos tanto para crianças quanto para
jovens e adultos, daí a indicação de oficinas como recursos
metodológicos em salas de aula.
Partindo do
princípio de que as oficinas não são meramente brincadeiras, no
dizer de DOMINGOS CORCIONE, elas vão muito além:
É a associação de ideias, de
peças, trabalho em grupo, conserto, reparo, criatividade,
transformação, processo de montagem. A termologia está
intrinsecamente ligada à criação e descobertas. Relaciona-se à
dança, poesia, pintura, modelagem, brincadeiras e dinâmicas em
grupo. E resulta em um desenho, uma peça de teatro, uma
escultura, um quadro, enfim, resulta em conhecimento. (CORCIONE,
2004, artigo da internet).
Assim sendo, o
lúdico na visão do autor, pode e deve ser projetado de várias
formas, inquestionável é a criatividade com a qual o educador
deverá lidar em todo o percurso de sua aula.
As brincadeiras
funcionam como exercícios necessários e úteis à vida. O exercício
de brincar possibilita assegurar a sobrevivência de sonhos e
promover uma construção de conhecimentos vinculados ao prazer de
viver e aprender de uma forma natural e agradável.
As oficinas, quando
colocadas em práticas devem estar fundamentadas em teorias, como bem
explica Paulo Freire na célebre frase: "A teoria sem
a prática é puro verbalismo inoperante, a prática sem a teoria é
um atavismo cego.” (FREIRE, 1996. Pg. 56).
No entanto para sua
realização é necessário planejá-las com antecedência, bem como
organizar o material a ser utilizado com os educandos, independente
do tema a ser trabalhado.
Todavia, a
elaboração ou a execução de oficinas requer dinamismo e interação
do grupo, já que é um trabalho que deve ser feito em equipe.
Os procedimentos
para realização de oficina de aprendizagem, por ser dinâmica, “…
trata de uma forma de ensinar a aprender…”. (FREIRE, 1996, p.
26 ), uma vez que destacam-se no processo de aprendizagem por se
apresentar através de atividades práticas, e nelas ocorrem
construções dos conceitos relacionados às temáticas
desenvolvidas.
As oficinas devem e
podem ser desenvolvidas em qualquer disciplina, e em todas as áreas
do conhecimento, independente do nível de escolaridade.
Executá-las requer
perseverança e domínio de conteúdo. No entanto, como se trata de
uma brincadeira, é importante deixar os alunos mais a vontade para
que possam interagir e assimilar melhor o conteúdo a ser proposto
durante a execução dessas atividades. Ainda Paulo Freire:
É preciso que o formando, desde
o princípio de sua experiência formadora, assumindo-se como sujeito
também da produção do saber, se convença definitivamente de que
ensinar não é transmitir conhecimento, mas criar as possibilidades
para a sua produção ou a sua construção. (FREIRE, 1993, p. 18).
Segundo o autor, é
o educador quem possibilitará a construção do conhecimento, agindo
como porta voz do saber.
Basicamente estas
atividades lúdicas são, a priori, realizadas simplesmente para o
entretenimento de alunos e embora contribuíssem muito para sua
aprendizagem, mas em um passado recente eram encaradas como mais uma
forma de descontração em sala de aula.
As oficinas de
Língua inglesa sempre dão uma sustentação e maior apoio ao
professor em sala devido a sua dinamicidade, e por isso, este recurso
deve ser utilizado também por demais educadores de outras
disciplinas.
Com o uso constante
de oficinas tornou as aulas mais atrativas e cativantes, e envolvem o
maior número de alunos, mesmo para aqueles que ficam dispersos e
alheios. E os resultados obtidos são animadores, uma vez que atingem
a totalidade dos alunos por ser algo diferente da aula convencional,
por esta razão, o professor deverá ser persistente e colocar suas
ideias em prática.
Ampliar a
curiosidade do aluno é uma operação instigante, difícil e
exigente, mas é muito gratificante. O aluno curioso procura
descobrir e compreender, desta forma concentra-se numa experiência
criativa aprofundando e ampliando conhecimentos que muitas vezes
surpreende o próprio professor.
Brincar em sala, ao
contrário do que se imaginava, facilita a interação em o grupo e
melhora sistematicamente a relação entre aluno x professor. Além
de que, eles ficam mais receptivos para as novas propostas ou
conteúdos a serem apresentados.
Ademais, as
atividades lúdicas são recomendadas por muitos educadores que,
buscam no entretenimento, o prazer, e buscam no prazer a satisfação
para a aprendizagem.
“Eu escuto e
esqueço. Vejo e lembro. Faço e entendo...”
(Confúcio)
Referências
Bibliográficas:
CORCIONE, Domingos. Fazendo
Oficina. In: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Gestão de
Trabalho e da Educação na Saúde. In VER-SUS/
BRASIL: Caderno de Textos.
Brasília, 2004.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da
Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo:
Paz e Terra, 1996.
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Ernesto de Sousa Ferraz Neto é formado em Letras pela
UNIPAR
-
Universidade Paranaense. Professor de Inglês da
Rede Pública desde 1990. Lotado na Escola Estadual “Cremilda de
Oliveira Viana” na cidade de Primavera do Leste - MT.